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Olá!

Será?...

segunda-feira, 12 de abril de 2010
Se respeitássemos a vida
Do mais insignificante ser vivo
Animal ou vegetal
Não julgaríamos...
Se pudéssemos voar
Por alguns segundos
Não permitiríamos gaiolas
Nem espingardas...
Se chegássemos ao topo
Da nossa expectativa
Ainda assim
Faltar-nos-ia muito a aprender
E ensinar...
Se perdêssemos tudo
E nos restasse apenas o corpo nu
Haveria um amigo, um abrigo...
Se víssemos alguém
Festejando a morte
Do corpo que sofria, ou
Chorando a vida condenada
Pela doença que avança
Sentir-nos-íamos fracos ou fortes?!
Talvez ate questionássemos
A razão da nossa existência
E se nos fosse possível ver
Com nossos olhos pequenos
O futuro!
Riríamos de tudo
Compreenderíamos...
Para brotar a vida
Que há na semente
É necessária a morte
Do fruto que a envolve
A vida é uma forma de energia
Em evolução
Se não podemos ver a energia
Que anima o corpo
Nem o oxigênio
Que o permite existir
Podemos ao menos sentir
O corpo é apenas alimento
Para outro corpo
E nos culpamos por isso
Existem crenças, tradições...
Se nossos olhos enxergam
Alem das ilusões
Não podemos nos sentir
Ou criar deuses
Se há o melhor
É para ensinar ao pior
E o pior não sabe
Que é o melhor num estágio
De mente invertida
Nascemos num tempo
No meio do nada
Sobrevivemos
A todas as pragas
A todas as marchas
A todas as Bestas
Somos todos, cobaias
Stop! Pare! Stoppen! 停止する
توقف! fermare! остановка!
A fortuna que se gasta em armas
De alto poder de destruição
É logicamente proporcional
Ao número de alvos para testá-las
A agressão ao meio ambiente
É desproporcional a lógica
Do princípio básico que é: Viver
O que é isso?
Suicídio em massa?
Genocídio programado?
Psicopatas no poder?
Olha essa tal de Besta é uma besta mesmo...
Eu aqui, no meu quintal que nem é meu...
Olhando o sol, como quem olha pra Deus...
Ouvindo o som das galinhas, das cigarras e dos pássaros
Eu me pergunto:
Será que o louco sou eu?

                           Paulinho Lira

                               

Memórias de um velho Gagarin - O descuido de Nabuco

sexta-feira, 19 de março de 2010


Memórias de um velho Gagarin

Na verdade 
Foram três que pisaram na lua
Armstrong, eu e Nabuco
Nabuco era um amigo do Brasil
Seu pai, diplomata de respeito
Era amigo do meu, do peito
E nisso se deu, o nosso encontro

Na época era tudo secreto
Não podia haver erro
Era um marco na História
Um salto importante
Da evolução humana

Armstrong era muito criativo
Ficou louco, eu lhes digo
Convidou Nabuco, nosso amigo
Fantasiado de robô, era moda
Passou despercebido
E assim começou
A fantástica aventura

Saimos da terra
Entramos no vácuo
Pousamos na lua
E a vimos
Era bela...
Tão viva...
E da nossa janela
Em cima da lua
Contemplamos a Terra

Abrimos a porta
Para a audaciosa aventura
Desci com Armstrong
Nabuco esperto
Num golpe de mestre
Enganou a gente
Pisando na frente
No solo inerte
Da solitária lua

Foi nesse momento
O grande acontecimento
Não o Homem, A pegada,
A Bandeira ou a jornada
Foi a terra
A terra agarrada no sapato
O descuido de Nabuco
Em contato com o solo
E a rara atmosfera
Transmutou-se em anti-matéria
Fecundando o solo
Da chegada até a nossa saída
Tinha quase um campo
Em volta da nave
De jardim lunar

Hoje, da minha janela
Em cima da Terra
Olho pra ela e imagino...
Como estará o nosso jardim
De flor Lunar?

Lá...


Lá...

Lá... Muito longe
Ecoaram apelos
Eram seres humanos
Olhando as estrelas

Os coraçoes aflitos pelo erro
Se arrependeram
E sem saber
Oraram, pela primeira vez

Silenciosamente
A energia concentrada
Na essência alquímica
Acionada pelo eter-movimento
Sol-epicentro-sol
Esperantozóides gametas
Lançaram-se no Universo

Antenas de luz
Infinitos de paz
Abismos sem cor
Desertos ácidos
Metálicas nebulosas
Esferas famintas
Galáxias extintas...

Lá...
Depois dos confins
Havia uma porta
E estava aberta
Cheia de respostas

Estranho
Não havia perguntas
E aquele aviso:
Não fecha! Encostas

Paulinho Lira

Fragmentos

És

És animal já o sabes
Se creres num sonho absurdo
És cego, És louco, És surdo
E dentro de ti já não cabes

Um Segundo


Não busques no céu outro mundo
Nem faças na Terra, o inferno
És parte de um sonho eterno
A vida é uma vida, a morte um segundo

A Feira

Olha o santinho benzido e barato!
Vejo o futuro de graça, só cobro o presente!
Leio a mão, mas dinheiro na frente!
Terrenos grátis no céu, só paga o contrato!

Paulinho Lira

Clemência



Essas árvores são almas inocentes
As suas copas espetaculares
Acolhem ninhos, flores e sementes
Como signo no céu, abriga Antares

Altivas, majestosas e silentes
De seus hercúleos galhos seculares
Penduram-se epífitas indolentes
Em grácies movimentos singulares

Mudas, não falam. Mas se falassem,
Pediriam aos homens suas clemências
Quando as lâminas d'aço lhes tocassem

Pediriam aos humanos consciências
Que aspirassem às sombras, suas essências,
Antes que as moto-serras as derrubassem

Mário Maia

Meu Verbo



Vivo essa vida,  talvez por que seja a única
Se outras tem, ninguém o sabe com certeza
Mesmo que haja, nela haverá mais incerteza
Imaginar um criador a vendo lúdica

Melhor seria usufruir dessa beleza
Não entendê-la, isto sim a torna mágica
Do alto ao vê-la, logo se desfaz a lógica
Em volta, nada existe dessa natureza

Se no princípio era o verbo... Era viver
E assim foi, e assim será até o fim
Mesmo que acabe o tempo do verbo haver

E lá depois... Depois do nada, há um jardim
Novas estradas, com novos olhos a percorrer
Não há mais corpo... Nem mesmo tempo... E nem confim

Paulinho Lira



A Ferro e Fogo?

A Ferro e Fogo?

 Marteladas em ferro incandescente
o fogo nas mãos do homem
o calor entra-lhe pelas narinas
como quase um deus, modela
forja formas, que lhe saem da cabeça
como poeta martela aqui, amassa ali,
sabendo que o ferro mesmo em brasas,
tem limites inalcançáveis!
O quase dragão com marreta nas mãos,
releva,vai em frente, como cúmplice
do fogo e do ferro em brasas!
Sabendo que amanhã será outro dia,
que amanhã tentará de novo dominar
as moléculas duras do ferro
com a ajuda do fogo,
tentará dia após dia...
até que consiga chegar nas formas
De seu céu!
                                             

                                Nadia Stabile

Sem Razão Nenhuma

quinta-feira, 18 de março de 2010
Houve um momento há muito esquecido
O sol não nascia porque nunca se punha
O verde era pleno, as cores vibrantes
Tempo não havia, só eternos instantes
O céu todo branco, estrelas... nenhuma
Tudo era belo, perfeito, perdido

E nessa existência de paz permanente
Ouvia-se o som no silêncio profundo
O canto das águas, o vento nas matas
A dança das chuvas, o show das cascatas
Um mar tão imenso escondia outro mundo
Nada morria, existia somente

Até que um dia, sem razão nenhuma
O sol se movera criando a tarde
E a noite se fez na sua ausência
Fria madrugada mostrando inocência
Revelou as estrelas em sua verdade
E a outra metade, que antes penumbra

E a morna aurora sorriu no horizonte
Com raios dourados de extrema beleza
De tanta alegria o mundo orava
Até o outro lado, agora sonhava
Não com a promessa, mas com a certeza
De viver novamente aquele instante

Qualquer diamante não lapidado é pedra
Toda beleza, sozinha é medonha
A real liberdade não se pode perdê-la
Se há algo maior, por que se esconde?


                                              Paulinho Lira